segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Capitanense tem TCC publicado em Revista Científica

Capitanense tem Trabalho de Conclusão publicado em Revista Internacional

A Nutricionista Vera Lúcia Beneduzi, Verinha como é conhecida aqui, teve uma bela surpresa nesta semana, ao receber a notícia de que o seu Trabalho de Conclusão, “Perfil Nutricional e prevalência de anemia ferropriva em crianças”, estudo realizado com crianças da EMEI Bem Me Quer, foi selecionado e publicado na Revista ConScientiae Saúde, Vol.10, No 3, 2011, uma revista de publicação científica trimestral apoiada pelo Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Nove de Julho, que tem por escopo principal proporcionar à comunidade científica textos de alto nível, disponibilizando, integral e gratuitamente, resultados de pesquisas relevantes e inéditas nas áreas de Ciências da Saúde. O público-alvo é composto por profissionais das áreas afins. A revista é publicada tanto em meio impresso quanto eletrônico, utilizando o sistema SEER - Ibict para publicação eletrônica. A pesquisa foi desenvolvida durante o trabalho de conclusão do curso de Nutrição realizado por Vera na Univates, sob a coordenação da professora Fernanda Scherer, e teve a participação de 27 crianças entre 6 e 60 meses. O Método utilizado foi Estudo Transversal e foram analisadas as variáveis de peso, estatura, hemoglobina e perfil sociodemográfico. Os pais também tiveram participação no estudo, pois responderam a um questionário estruturado sobre os hábitos alimentares das famílias. Abaixo descrevemos parte do trabalho publicado que levou o nome de Capitão para o mundo.

A anemia é uma condição na qual a con¬centração de hemoglobina está abaixo do nor¬mal no organismo, limitando a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o sangue e as células teciduais. Essa baixa concentração de hemoglo¬bina no organismo é consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, entre os quais, o ferro, sendo sua falta denominada ane¬mia ferropriva, que se destaca como a principal deficiência nutricional do mundo, afetando pra¬ticamente todas as classes sociais4 e constituin¬do-se num grave problema de saúde pública.

A principal forma de obtenção de ferro é pela alimentação. A quantidade e a qualidade dos alimentos que compõem a dieta da criança associam-se com os níveis de hemoglobina. Os sinais clínicos da deficiência de ferro não são fa¬cilmente identificáveis e, muitas vezes, a anemia não é diagnosticada. Esses sinais incluem pali¬dez, anorexia, apatia, irritabilidade, diminuição da atenção e deficiências psicomotoras.

Entre os grupos populacionais mais afeta¬dos, encontram-se as crianças menores de cinco anos. Crianças na faixa etária de 6 a 24 meses são particularmente de alto risco, mas o período de idade pré-escolar inteiro pode ser vulnerável, especialmente nos países em desenvolvimento. A incidência em tal faixa etária explica-se pelo processo natural de esgotamento das reservas de ferro provenientes da gestação exatamente em torno dos seis meses de idade, somam-se a isso a baixa ingestão de ferro na dieta e o au¬mento da demanda orgânica por esse nutriente em virtude do acelerado ritmo de crescimento.

A nutrição adequada durante a infância é fundamental para o desenvolvimento da criança, para a promoção do seu crescimento, da saúde e do desenvolvimento comportamental. A curta duração do aleitamento materno exclusivo, que traz benefícios nutricionais indiscutíveis, a in¬trodução tardia de alimentos ricos em ferro e o consumo insuficiente ou inadequado de estimu¬ladores da sua absorção podem ser considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nessa faixa etária.

É importante salientar que estudos de¬monstram a existência de um processo de tran¬sição nutricional no Brasil nos últimos 30 anos. É observado um declínio da prevalência de des¬nutrição em crianças e adolescentes e uma ele¬vação de sobrepeso e obesidade; porém, não se pode deturpar a extensão do problema, afinal a subnutrição não se relaciona somente ao déficit de peso corporal, mas também às carências nu¬tricionais, e o declínio da desnutrição no Brasil não tem sido acompanhado por evolução favorá¬vel na ocorrência da anemia.

O objetivo neste estudo foi verificar a as¬sociação entre o perfil nutricional, a prevalência de anemia ferropriva e os fatores associados em crianças matriculadas em escolas municipais do município de Capitão, RS, Brasil.

Materiais e métodos

O trabalho foi desenvolvido por meio de uma abordagem de pesquisa descritiva, quanti-tativa e transversal, no período de abril a agos¬to de 2010, na qual se procurou analisar o perfil nutricional, a prevalência de anemia ferropriva e fatores associados em crianças matriculadas em escolas municipais do município de Capitão, RS, Brasil.

Capitão, no Rio Grande do Sul, é um pe¬queno município, com 2.641 habitantes, segundo o IBGE. Existem na região cinco escolas, sendo duas de educação infantil, duas municipais que atendem o ensino fundamental e uma escola estadual que atende o ensino médio. De acordo com a secretaria de Educação do município, 475 crianças estão matriculadas nessas escolas. Na educação infantil, alvo deste estudo, existiam 94 crianças matriculadas, sendo 55 na faixa etá¬ria de 6 a 60 meses no período de realização do estudo. Desse total de, 27 (49,1%) estavam elegí¬veis, conforme os critérios de inclusão e exclu¬são propostos neste trabalho.

Os critérios de inclusão das crianças no es¬tudo foram: estarem regularmente matriculadas nas escolas de educação infantil municipais, es¬tarem faixa etária entre 6 e 60 meses, terem com¬parecido na data da coleta de sangue, além des¬ses itens foram incluídas as que os responsáveis devolveram os questionários preenchidos corre¬tamente e cujos pais concordaram em participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de acordo com as orientações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas com seres humanos.

Foram excluídas as crianças que se nega¬ram a participar da coleta sanguínea ou realizar as medidas antropométricas e as que estavam ingerindo sulfato ferroso.

Resultados

Das 27 crianças que participaram da pes¬quisa, 48,1% eram do sexo feminino; e 51,9%, do masculino. Foram observados a distribuição da renda familiar, o nível de escolaridade dos pais, o tempo de permanência das crianças na escola e as características do aleita¬mento materno da população estudada.

Quanto a variáveis referente à alimentação das crianças é possível observar que alguns hábitos alimentares fazem parte da realidade da grande maioria dos participantes, tais como o consumo diário de carne (96,3%), de feijão (85,2%), de suco industrializado (81,5%) e de refrigerante (100%). A maioria dos pais (63%) relatou que a criança recebeu açúcar, mel ou me¬lado antes dela completar seis meses de idade.

Os dados apresentados de¬monstram que na amostra estudada foram en¬contrados apenas 7,4% de casos de anemia. A média de hemoglobina encontrada entre as crianças com anemia foi 10,9 (DP±0,07); e entre as sem anemia, 12,7 (DP±0,78) (p=0,203).

Não foi encontrada significância na cor¬relação entre o IMC por idade e a hemoglobina (p=0,646). As crianças classificadas como risco nutricional tiveram média de hemoglobina de 11,9 (DP±0,0); as com estado nutricional adequa¬do, 12,6 (DP±0,9); as que apresentaram sobrepe¬so, 12,6 (DP±0,8); e as obesas, 12,9 (DP±0,9).

Por meio dos resul¬tados do Teste Exato de Fisher, verificou-se que as únicas variáveis significativamente associa¬das com a classificação do IMC por idade foram o gênero e a escolaridade da mãe. Observa-se, que o gênero masculino possui uma maior fre¬quência de casos de sobrepeso e obesidade do que o feminino (p=0,047). E em relação aos filhos de mães com ensino médio completo, observou-se uma maior frequência de casos de sobrepeso e obesidade (p=0,034).

Quando realizada a correlação das variá¬veis alimentares com a classificação dos níveis de hemoglobina sérica, verificou-se significativa associação entre o nível de hemoglobina e o con¬sumo de feijão na dieta. Observa-se que 100% dos indivíduos que recebiam feijão no período da pesquisa possuíam níveis de hemoglobina normais. Enquanto que apenas 50% das crian¬ças que não recebiam esse alimento apresenta¬vam níveis normais de hemoglobina sanguínea (p=0,017).

Conclusão

Neste estudo, não se encontrou associa¬ção significativa entre o perfil nutricional das crianças e a prevalência de anemia ferropriva. Identificou-se, porém, que o consumo de feijão está intimamente ligado à ausência de anemia na população estudada, já que ele é um alimento rico em ferro e as crianças que o estavam rece¬bendo diariamente em sua alimentação apre¬sentaram níveis de hemoglobina normais. Em relação ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, fator fundamental no combate à anemia pela ótima biodisponibili¬dade de ferro no leite humano, detectou-se um alto percentual de crianças que não receberam esse alimento exclusivo durante esse período de suas vidas.

Quem tiver interesse em conhecer todo o conteúdo da pesquisa pode acessar o artigo na revista através do link http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude. ConScientiae Saúde, Convidamos a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens .

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