sexta-feira, 3 de maio de 2013


Um visitante inusitado na Escola de Linha Marinheira

No dia 16 de abril apareceu um visitante pra lá de inusitado na Escola Municipal de Ensino Fundamental de Linha Marinheira, que ocasionou um grande alvoroço, todos queriam saber que bicho esquisito era aquele pendurado na cortina da sala, que durante a noite acidentalmente se perdeu de seu bando e entrou por uma janela aberta.

 O visitante foi capturado e colocado dentro de um vidro, assim as crianças puderam observá-lo de perto sem correr nenhum risco. Posteriormente foi identificado como sendo da espécie Histiotus velatus.

Aproveitamos a visita do morcego para desmistificar sua imagem e explanar aos alunos as características, curiosidades e a importância dos mesmos para o meio ambiente, bem como para as pessoas.

Esta espécie de morcego possui ampla distribuição, sendo encontrada na Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil, habitando tanto ambientes naturais, quanto urbanos, adaptando-se com sucesso às variadas construções feitas pelo homem, devido ao fato das mesmas apresentarem menor risco de predação, microclima adequado para reprodução e espaço para grandes colônias.

Sua presença é de grande importância, pois ele atua no controle biológico de insetos, uma vez que é um morcego insetívoro, que captura suas presas durante seus voos noturnos, consumindo em média 600 insetos em uma única noite.
Os morcegos possuem grande importância ecológica, pois realizam rigoroso controle de insetos, auxiliam na recomposição de florestas dispersando sementes pelas fezes, polinizam plantas, seu sistema de ecolocalização e a saliva (devido a sua ação anticoagulante - morcegos hematófagos) são alvos de estudos, além disso, em muitos locais suas fezes são utilizadas como adubo devido a grande quantidade de nitrogênio. São espécies protegidas por lei, deste modo sua captura, perseguição ou destruição é proibida. Sendo também proibido o uso de substâncias tóxicas com organoglorados (DDT, dieldrim, BHC).

 Entretanto, devido ao risco de doenças respiratórias ocasionadas pelas fezes dos morcegos aos seres humanos, devemos evitar a sua entrada, vedando acessos com telas, utilizando telhas transparentes ou colocando iluminação nos forros, uma vez que a luz altera o ambiente, bolinhas de naftalina são eficientes, pois o cheiro é insuportável para os morcegos.

            Para retirá-los, o que não é tarefa fácil, deve-se esperar o anoitecer quando o bando sai para se alimentar, tomando cuidado para não deixar para trás filhotes ou indivíduos doentes, que não conseguem sair do ambiente, para que estes não morram no local. Com o local livre de morcegos, todos os acessos devem ser fechados para impedir que os morcegos voltem e busquem novamente abrigo.
Vale lembrar que a maior parte dos morcegos que buscam abrigos em nossas casas são insetívoros ou frutívoros não apresentando perigo para a população, no entanto, a retirada deve ser realizada por profissionais habilitados (equipe de zoonose).
                                                                         Texto: Letícia Zanotelli
                                                                         Bióloga CRBio – 69921/03 - D

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